sábado, 9 de abril de 2016

A minha última carta para ti.



Amor...
Fui sair com os meus amigos, como tu me dizias para o fazer, mas não consegui, não aguentei muito tempo fora de casa e voltei, tranquei-me no quarto como fazia últimamente, era essa a minha rotina, todos os dias aquela hora, à 1:25 da madrugada.

Sentei-me no chão do quarto encostado à cama, tirei o maço de cigarros e o esqueiro do bolso das calças puxei de um cigarro e, acendi em tua memória.

Comecei a fuma-lo e reparei que o fumo ao fim de segundos desaparecia do ar, talvez por a janela do quarto estar aberta e com corrente de vento que se fazia sentir ele evaporava, não sei.
Vi a cinza cair sobre o chão, e não me importei minimamente, notei que o cigarro desapareceu ao fins de uns minutos não sei quem fumou mais, se fui eu ou o vento...,

...,e tentei perceber.

Fui eu que te deixei ir ou foste tu que desapareceste ao fim de algum tempo, deixando apenas feridas para eu sarar, se é que alguma vez imaginei que elas pudessem sarar?

Tal como o cigarro também tu desapareceste, tal como ele que me deixou a boca amarga, também tu fizeste com que eu ficasse amargo com a tua ausência e essa é a única certeza que tenho comigo neste mar de incertezas constante que me atormenta a cada noite que passa.

Só de pensar que estivemos tão perto de tocar o céu, e tu evaporaste assim do nada sem explicação possível, só de imaginar que poderíamos ter sido como o sol e a lua,  eternos amantes apaixonados.
Imaginei tanto esse momento mas, ao fim de algum tempo apercebo-me que afinal não, não fomos, nem seremos, como eles, não tivemos nem longe, nem perto de o ser.

Estivemos a um, dois passos de transcender a loucura, todos os limites possíveis e imaginários, de quebrar barreiras que seriam inquebraveis, mas com o nosso amor seriam quebraveis, tornariamos o impossível em possível, o imaginário em realidade, e a sombra/escuridão em luz, contudo eu próprio, tu mesma, nós, tornei-me, tornaste-te, tornamo-nos impossível, apenas imaginário e sombras/escuridão.

Não transcendemos a loucura, ela é que nos transcendeu a nós, passou-nos a perna e, não quebramos as barreiras que seriam inquebraveis, tornamo-las completamente inquebraveis.

Não conseguimos tocar o céu, pois esse ficou-nos cada vez mais distante e impossível de alcançar.

Vês amor, sim ainda te trato por amor eu sei que não devia mas, é mais forte do que eu, tal como um cigarro, também nós somos apenas e únicamente cinza agora e, hoje restam apenas cicatrizes das feridas que julguei jamais sarar deste amor, que evaporou com a corrente de ar, como o fumo daquele cigarro que fumei em tua memória.

FábioPinto.


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