quarta-feira, 20 de abril de 2016

Voltaremos a errar


Escolhi as palavras,  e tu o silêncio,  sempre por lados opostos, mas sempre no mesmo sentido.  

Ironia das ironias, da vida,  ou do destino,  seja lá qual delas for, ou até mesmo as três,  caímos sempre no mesmo erro de voltarmos ao ponto de chegada, ao ponto de partida, voltamos,  recomecamos, caímos e voltamos a cair, vezes e vezes sem conta nos braços um do outro.

O teu silêncio era ensurdecedor, as minhas palavras mudas.
Mesmo assim,  lá estava eu, lá estavas tu, lá estávamos nós, prontos para a entrega de dois corpos ensopados de sentimentos, perdidos e ansiosos de encontrar o sentido certo, a direcção certa a seguir, prontos para errar mais uma vez.

A mente dizia para não, o coração dizia que sim, a alma tentava entrar em acordo com a razão e o amor, para que eu,  para que tu, para que nós não voltasse-mos a colidir um no outro para que nossos corpos não balançassem mais uma vez,  entre o certo e o errado, entre o bem e o mal.

Não há mais espaço em minha pele, para uma nova cicatriz, assim como sei que na tua também não há e, a única solução plausível é criarmos cicatriz sobre cicatriz por mais doloroso que seja, por mais mal que nos faça, ambos sabemos que sabe bem.

Tanto eu como tu, por mais que evitemos, é inevitável, por mais que não queiramos, queremos sempre. 
Por mais que digamos não, sabemos que o significado desse não é sim, por mais que cerremos nossos lábios,  eles colidem a cada encontro, por mais que nos afastemos, mais nos atraímos, tal como a força que nos atrai e prende ao solo, também nós nos prendemos um ao outro mesmo sem querermos é incontrolável, o desejo é maior e sobrepõe-se ao controlo, a vontade é incasiavel e não conseguimos recuar, não há forma, não há maneira de conseguirmos de fugir ao destino,  ao que nos foi traçado sem pedirmos.  

Nunca houve hora do adeus, da despedida, foi sempre um até já, e nesse até já os nossos olhares cruzam,  penetram um no outro e tornam essa despedida num (re) encontro, impedido que o adeus sai das nossas bocas,  impedindo o tempo de avançar, impedindo de seguirmos em frente, ali paramos,  ali ficamos,  dali não saímos, e por mais que não queiramos, ali voltamos sempre, àquele momento,que se torna interminável repetitivo sem fim à vista como supostamente havíamos previsto.
Ali voltamos e ali nos tornamos imortais de paixão.

Escolhi sempre as palavras por mais que elas não saíssem,  por mais que tenham ficado estaladas, por mais mudas que tenham sido, e tu sempre o silêncio por mais silencioso que fosse era ensurdecedor. Escolhemos sempre lados opostos, mas sempre no mesmo sentido. Escolhemos sempre a distância, mas de distantes nada temos, optamos por fugir ao destino, mas ele prendem-nos e não há maneira de escapar, supostamente seria bom, mas ambos sabemos que de bom nada tem e, que nos faz mal tentar fugir ao que não tem fuga possível.

Voltaremos a cair vezes e vezes sem conta, sagraremos sempre em todas as nossas quedas e mesmo assim voltaremos ao ponto de onde tudo começou, mesmo que a direcção não seja a certa, mesmo que não seja, será esse o nosso fim o nosso final,  que de fim nada tem, voltar a errar nos braços um do outro vezes e vezes sem conta.  




FábioPinto

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